sábado, 30 de maio de 2009

Casam e descasam


Hoje, assisti à homilia mais cativante de todas as que ouvi nas celebrações de casamentos (que já lá vão em mais de meia centena, provavelmente).


Enquanto ouvíamos o Padre Rafael, pároco da freguesia de Pé Dorido, concelho de Castelo de Paiva (sim, hoje o Grupo de Jovens Cavaleiros do Espírito de Canedo deslocou-se até ao Concelho onde existem provavelmente mais curvas em todo o país a convite de um casal de noivos para ir animar/ cantar o seu casamento), a Martinha virou-se para mim e disse-me: “Tens aqui tema para o teu blog.” (esta menina é uma fiel seguidora que tanto adoro e tenho o prazer de ter a meu lado nas conversas mais doidas sobre anatomia e conversas de MSN a arreliar o Marlon enquanto este está na “janela” ao lado). Pois eu ouvi-a e respondi-lhe: “Nada mal pensado…”.

E após termos percorrido quilómetros de carro, apanharmos este sol abrasador e termos evaporado uma boa quantidade de suor, aqui estou eu para então desenvolver o dito tema ;)

A homilia começou dirigindo-se aos convidados dos noivos presentes dentro da Igreja (sim, porque há sempre aqueles que decidem ficar lá fora provavelmente a tirar lições morais bem mais interessantes sobre futebol, trabalho, e etc… E sim, isto é uma crítica a quem o faz…), advertindo para que se estavam ali presentes, não era apenas para irem festejar para o “arraial” (e aqui acrescento para as senhoras colocarem lindas purpurinas no cabelo ou usarem chapéus de me fazerem inveja nos dias de praia quando me esqueço do meu), mas para serem testemunhas do acontecimento e comprometerem-se a apoiar os noivos quando mais precisarem, que passados 10 mins vieram a tornar-se marido e mulher.

Prosseguiu dando conta da realidade de hoje em dia: os casais casam e descasam como se nada se passasse, o que concordo fielmente e já tenho vindo a dizer em conversas com algumas pessoas. Segundo ele, nos nossos tempos, até corre tudo muito bem, até ao dia em que começam a surgir os dilemas de “isto é meu”, “isto são as minhas coisas” (e aqui acrescento um “eu é que sei” muito comum a que já assisti em discussões de casais), palavras que ficam por dizer e se arrastam no tempo, problemas que surgem na vida! Então, nem é tarde nem é cedo, e nestes momentos, pegam nas suas coisinhas, e “adeus, até um dia” e vão para “melhor”. Bem, mas afinal, onde pára o “na alegria e na tristeza, na saúde e na doença todos os dias da nossa vida”? Sim, porque ele enfatizou e muito bem, que “todos os dias da nossa vida” é até à morte!

Admiro o casamento, é verdade. Admiro os esforços que se fazem para se conseguir viver a dois, e mais tarde provavelmente com filhos. Admiro o amor que se dá e recebe. Para mim, o casamento é algo que só quem vive e se integra nele em toda a sua plenitude, entende (não, ainda sou solteira… Lol… E pelo andar da carruagem, por muitos e longos anos :p).
Quem vive apenas em união de facto, não digo que ame menos. E quando me vêm com esta história, só respondo: “Também quando nasceste, existias, não existias? Então para que é que os teus pais te foram registar ao Registo Civil? Para OFICIALIZAR, não?”.

Outra questão que pode ser levantada, é se o casamento é para termos apenas um na vida (no caso de viuvez; divorciados que exigem poderem voltar a casarem-se pela Igreja porque “não acertaram à primeira…). Neste contexto, defendo sim que o casamento deve ser apenas uma vez na vida. No caso da viuvez, para mim, se é “todos os dias da nossa vida”, é para a de quem morreu e de quem fica, e se quem fica amava mesmo quem faleceu, vai respeitar; más escolhas todos fazemos e não podemos voltar atrás: não defendo que se aguentem agressões sejam de que ordem for ou falta do amor em si, e há casos em que é mesmo mais benéfico para ambos separarem-se. Mas há casos e casos… E deve-se sempre ponderar se será a escolha certa o casamento: depois de lá estar, é lutar para que as coisas dêem certo até certo ponto.
Não é novidade que ainda não amei no sentido de “casal”, mas que espero um dia vir a fazê-lo, e a casar-me, pois para mim é o “despoletar” de uma nova vida, mas com alguém que contaremos que esteja sempre a nosso lado para nos tentar entender, apoiar-nos nas caídas, adaptar-se às nossas mudanças físicas, comportamentais, e por aí em diante…

E cá está :)

Martinha, espero que gostes e compartilhes das mesmas ideias, porque ambas já admitimos que temos pontos de vistas extremamente semelhantes… Um beijinho!

5 comentários:

siceramente disse...

oh o casamento é para relembrares o grande dia da união :D
tipo festejar aniversário eheh

Anónimo disse...

são cada vez mais as pessoas que não sentem necessidade de oficializar uma união\Amor entre 2 pessoas, perante a Igreja Católica.
vários motivos podem justificar esse não assumir, motivos que vão desde as tão faladas dificuldades económicas(sim, porque casar custa um balúrdio), passando pelo oficializar apenas através do Registo Civil, até ao não oficializar hoje, para melhor ''descasar'' amanhã.há medo de assumir compromissos a longo prazo, e ''até que a morte nos separe'' é muiiiiiiito tempo.
conheço casais a viverem em união de facto,que funcionam melhor como casal, que outros que são casados pela Igreja.
não me vou alongar muito mais, ou escrevo um coment maior que o post, mas digo ainda que concordo com o ponto central do post: casar e descasar, são actos encarados de muito ânimo leve,quando na verdade ambos merecem ser encarados com o máximo de respeito e o máximo de certezas.
Jinhos e coiso i tal!! :-))

ass: sim, aceito!!

Marta disse...

Olá minha querida, é pah hoje tive a honra de surgir :$ neste blog fantástico..Sim, nós temos pontos de vista bastante próximos e as nossas brincadeiras estão para durar ;)

Pois que passamos das nossas, no Sábado, é verdade, mas nós somos assim..xD

Voltando ao tema principal, pois mais uma vez concordamos (que azar pah!!), cada caso é um caso, mas como tudo na vida, temos de tentar que as coisas deem certo, a ida não deve ser fácil para ninguem...

Só fico sempre um bocado em dúvida no casa da viuvez..humm, aí não sou tão linear...

Mas fizeste uma reflexão muito boa ;) vou divulga-la!!
Temos de tentar contrariar os tempos, apesar de não estar na pele de casada e não falar com conhecimento de causa...

Porta-te mal, até ao nosso próximo episódio, BeijinhO

Anónimo disse...

Marlon disse... (antes quis experimentar assim lol)

Ora aí está um daqueles temas que eu gosto de discutir (vai sair testamento!) xD

Antes do mais, relembrando o percurso fantástico que nos levou à dita igreja, tendo eu nas minhas mãos a minha própria vida e a de mais quatro alminhas inocentes, tenho que concordar contigo: Pedorido é mesmo um conjunto de curbas, contracurbas, curbinhas e estradas aos "s"... Mas devo dizer que o maior perigo que senti foi mesmo o carro que ia à minha frente a fazer de guia (esta foi pelo "arreliar o Marlon" nas conversas do msn =P e não vai ficar por aqui lol)...

Quanto ao que disseste sobre a homilia, só digo isto... O padre Rafael é um senhor!
Aquilo que ele falou fez-me lembrar e rir da grande mente iluminada que um dia alegou que a sensação de se amar alguém é, em termos fisiológicos, o mesmo que comer chocolate... O amor é um assunto demasiado sério para ser inserido num contexto assim.

Eu pelo menos acho que nunca usei a palavra "AMO-TE" de ânimo leve, a não ser naquelas brincadeiras de amigos em que nos empurram literalmente para cima de outra pessoa e não temos outro "remédio" senão alinhar na farra :P (mas claro, não passa de uma brincadeira e isto, tal como no caso anterior, só aconteceu uma vez).
Por falar em amigos, eu acho que o grande problema dos casais de hoje em dia é a falta de amizade (!) entre os dois... é muito giro quando se fala em amor, na paixão que nos consome por dentro, do desejo de se ter e até, perdoem-me a expressão, "fazer amor" com essa pessoa, mas se não existir amizade por detrás (e esta não pode desaparecer, nem mesmo com um possível namoro), então aí o resultado será aquilo que se ouve no Evangelho: uma casa construída sobre a areia.
Quanto aos divórcios e à viuvez, concordo contigo, salvo raríssimas excepções... nenhuma pessoa (falo principalmente pelas mulheres) tem culpa de ter casado com outra que, um dia mais tarde, a vá agredir, maltratar, etc, etc... não é no namoro que estas coisas se descobrem e acho que mesmo Deus compreenderá a situação, pois só se pode chegar à conclusão que casámos com um autêntico animal... Mas até aí me custa a considerar letra morta as palavras que tu tão bem referiste sobre o amar "todos os dias da nossa vida"... É complicado opinar sobre algo tão transcendental como o matrimónio versus casos como este :S

Um casamento civil não passa de um contrato, quase como se fosse a hipotecar a nossa própria vida. Mas como todos os contratos, tem cláusulas de rescisão, o que NÃO SE APLICA nem nunca se poderá aplicar ao casamento católico. Aí não é só perante os outros ou um homem vestido de branco atrás de uma "mesa" de mármore (e muito menos perante o Estado, que infelizmente também parece às vezes querer divorciar-se dos valores cristãos e da vida) que estamos a assumir o amor que sentimos... é perante Deus, e com assuntos desses não se pode brincar

Pronto, como seria de supor, saiu um mega-texto (que posso eu dizer? sou um romântico xDD)... mas, a exemplo do que fizeste, também devo acrescentar que não percebo muito do assunto de casamentos..sou solteiro e bom rapaz... :P há dias em que custa mais dizer isto do que noutros, mas isto são circunstâncias da vida... E quem sabe, já que falamos de assuntos religiosos, sempre ouvi dizer que quando Deus nos fecha uma porta, abre-nos sempre uma janela... o difícil é perceber que janela será essa [poderá ser uma "janela" do msn, quem sabe LOL (a vingança continua hehe)]... ou se a porta está mesmo trancada... Mas são estas dúvidas, questões, sofrimentos e ansiedades que nos fazem sentir, uma vez chegados ao altar, que tudo valeu a pena porque nunca baixámos os braços... e tudo isso dá-nos força para travar uma guerra ainda maior, que se vai prolongar para toda uma vida, com Deus como Guia e comandada pelo "General Amor" :)

Beijos

João Ferreira disse...

São 23:49... já levo quase 18h acordado... mas acho que consigo dar para este peditório.
Casamento, facilidade em fazer e desfazer. O tema é tão complexo!

Uma parabola de cariz oriental:
«Um apixonado decido bate à porta da sua amada que de dentro lhe pergunta: "quem é?" - "Sou eu", responde. E a porta fecha-se com o seguinte: "Nesta casa não há lugar, dois são demais!"
Triste o amado vagueia pelo deserto meditando, reflectindo, até que muito tempo depois, volta à porta da sua amada e bate. "quem é?" - "Sou tu", responde. E a porta abre-se de par em par.»

De VASCO P. MAGALHÃES, O Olhar e o ver, Tenacitas, 4ª edição, 2004, p. 74.

Fica lançada a pedra no charco.
PS. não quis mesmo referir o casamento católico.... não foi distracção :)