sábado, 10 de janeiro de 2009

Diário de Bordo - Natal


Acordo com a luz radiante do sol que passa por entre os orifícios da persiana, a bater-me na face. Demoro uma fracção de segundos a perceber onde estou: no meu quarto, na cama, entre o quentinho dos lençóis, dos cobertores que aquando das suas aquisições, me foi questionada a cor, o feitio, os zig-zag’s das linhas. Tenho vestido um pijama térmico. Tenho meias cor-de-rosas (cor que adoro e me dou ao luxo de poder regatear com a mulher da feira, dado que os molhos teimam a possuir meias com cores “pirosas” e que jamais as compraria).
Olho as horas. Tenho um despertador, que apesar da luz que irradia o quarto, tem um botão “light”, e por comodidade, carrego no raio da tecla (mais pilha, menos pilha, que se dane). Passa das 10h. Ponho-me a pensar: “Mereci dormir tantas horas… Trabalho muito para poder descansar hoje, agora.”
Puxo o peso da roupa de cama para trás e salto da cama, como sempre faço. Olho o chão, enquanto calço os chinelos de pelinho com um casal de ovelha e respectivo carneiro apaixonados : tapete cor-de-rosa, chão tipo “parquet” envernizado para isolar bem o calor do aquecedor que trabalhou durante a noite. Olho-me ao espelho: faces rosadinhas, como sempre acordo quando durmo as horas suficientes (são a característica de que não abusei das horas de estudo, de Internet, ou seja lá o que for, segundo a minha mãe).
Abro a porta do quarto. Desço as escadas e a luz do vitral bate-me nos olhos. Atrofio por segundos.
Chego à cozinha. A lareira já foi acesa.
Pega na minha caneca (com os desenhos todos xpto’s), meço o leite meio-gordo nela, e ponho no fervedor.
Pego na colher de chá. Uma colher de café, outra de açúcar.
Espero que o leite ferva. Coloco-a na caneca. Adiciono cereais integrais ou pego em duas tostas integrais com manteiga, conforme a disposição, e molho-as no leite. Só após comer, bebo o leite que sobrou na caneca (taras e manias, como diz o outro).
Dirijo-me à casa de banho. Olho para o espelho e contemplo o estado dos meus dentes num sorriso à “Joker” (tenho memo actos de parvalheira).
Pego na escova macia, por recomendação do dentista, que naquela consulta me levou 75€ por uma limpeza de dentes, e me aconselhar a usar esta escova devido à sensibilidade dentária de que me queixei quando me questionou se estava tudo bem (coisa que já tinha feito meses atrás, mas só com o medo de estourar tanto guito de uma vez, adiava de ver a sua cara e ouvir um conselho inútil).
Molho a escova na água da torneira, coloco o dentífrico branqueador e demoro cerca de 5 mins a lavar os dentes (até a Pinhão já me disse que demorava uma eternidade a lavar os dentes, mas sentir que tenho a boca fresca, dá-me arrepios… :D).
Pego na roupa que enquanto lavava os dentes, pensava que combinaria melhor entre si e com os sapatos, sapatilhas, wathever.
Cremes, desodorizante, visto-me.
Por fim, arranjo o cabelo (não, não penteio… Sou das raras excepções que só usa escova de cabelo antes de passar a última “mangueirada do banho”).
Calço-me.
Pego na mala. Confiro o que lá tem, ou melhor, não tem. Acabo de a encher, como boa mulher que sou.
Coloco o casaco.
Abro a porta. Tiro a chave e saio. Fecho a porta à chave do outro lado.
Sei que tenho as chaves do carro, porque conferi, mas demoro mais tempo do que a lavar os dentes a encontrá-la (a Marta já assistiu a 1550 takes destes… Pobre Martinha… Adoro-te, já agora).
Encontro as chaves.
Abro a porta do carro.
Atiro a mala para o outro lado do condutor, entro e fecho a porta.
Ponho o carro em ponto-morto. Ligo a ignição. Espero que os tais ponteiros subam, segundo o meu pai que tantas vezes me deu na mona até que encaixasse esta árdua tarefa.
Marcha-atrás…
Saio para o Mundo.
Apenas o que pode variar nesta história é a existência ou não de sol; a hora de levante; a cor da roupa de cama; a cor das meias; a cor do pijama; a lareira estar ou não acesa; o vitral existir ou não; a marca do leite e do dentífrico variar; ir de carro ou a pé.
Mas o que realmente importa em tudo isto…
É que hoje acordei…
E lembrei-me que com toda esta história do Natal que passou, com toda esta ânsia de compra e venda de presentes, com toda a azáfama de encher a mesa da ceia de Natal…
São muitos aqueles que se questionaram sobre onde irão dormir quando chover; o tamanho do cartão onde vão poder deitar-se; onde vão arranjar um pedaço de pão para comer, ou dar aos filhos; onde vão poder buscar um novo cobertor, dado que o outro ou está demasiado velho para evitar ligeiramente o frio, ou lhes foi roubado; se a porta dos balneários onde é habitual irem tomar banho está ou não fechada; onde arranjarão a próxima muda de roupa; onde irão fazer a recolha de esmola porque perderam o emprego, tiveram um acidente de trabalho em condições ilegais, ou pura e simplesmente não se conseguem verem livres de um vício que os fez serem expulsos de casa, da família, do emprego, da sociedade, do Mundo.
O Mundo é injusto… Os Humanos são injustos… Eu sou injusta.

2 comentários:

Anónimo disse...

a Injustiça faz parte da natureza Humana.temos o péssimo hábito de ser injustos com muitas pessoas,em muitos momentos da nossa vida.
não raras vezes, somos injustos com quem mais nos quer bem.
somos seres falíveis,concentrados no nosso mundinho.o nosso umbigo é lindo de se olhar, e enquanto o olhamos nem vemos ao nosso lado alguém que pode viver com dificuldades,mas no entanto ser muito mais feliz que nós.
o Homem é injusto por pre-definição de comportamento.é normal que seja injusto.
o que não é normal é ser injusto sempre;é ser injusto e não admitir que errou;é ser injusto e não ser capaz de pedir desculpa; é ser injusto com outros e não consigo mesmo;é ser injusto por acreditar que o Mundo não é justo!o Mundo é justo,mas composto por Homens e Mulheres que não agradecem acordar mais um dia!
eu sou injusto!! tu és injusta! mas justiça te seja feita porque depois de olhares o teu umbigo,levantas os olhos e és capaz de ver as caras e as dificuldades daqueles que te rodeiam!

jinhos e coiso i tal. :-))

ass: eu!Humano!injusto!

Marta disse...

Oh minha querida, antes de mais parabéns pelo Blog, está mesmo fixe!! Continua!!

Depois não foram assim tantos takes... e as malas das mulheres são sempre assim, uma confusão :p, mas são momentos para nos rirmos...

Oh e és uma querida, também te adoro pah!! :)

E por fim... grande mensagem que nos passaste, mesmo...

Um grande beijinhoO
Marta